"Situado num esporão rochoso da cadeia montanhosa que bordeja o litoral atlântico e dominando a foz do Cávado, o Castro de S. Lourenço é um dos povoados exemplares da ocupação da Idade do Ferro no Entre Douro e Minho litoral.
As primeiras populações ter-se-ão fixado neste cabeço pedregoso por alturas dos séculos VII ou VI antes de Cristo, desenvolvendo-se nas centúrias seguintes a arquitectura doméstica típica da Idade do Ferro do Noroeste, com casas de planta circular cobertas de colmo e um sistema defensivo assente em diversas linhas de muralhas.
Um grande incêndio que terá destruído o povoado nos inícios do século I da nossa era parece estar na origem de uma profunda restruturação urbana, que terá re-ordenado as construções, dispostas agora em plataformas artificiais construídas nas encostas com recurso a sólidos muros de suporte e com o seu espaço doméstico muitas vezes ampliado através de um átrio ou vestíbulo constituído por muretes angulosos que ladeavam as portas. Parece também remontar a este período a organização mais notória das habitações em núcleos de várias construções ligadas por um pátio lajeado comum, bem como a procura de eixos de circulação de tendência mais rectilínea. A consolidação de um elaborado sistema defensivo, baseado numa tripla muralha, fossos e mesmo um torreão de vigilância numa elevação próxima é um sinal claro da assinalável importância regional que este povoado terá alcançado durante os primeiros séculos da dominação romana.
Na época da Reconquista Cristã, talvez por alturas do séc. X, ergueu-se no topo da penedia, onde actualmente existe uma capela da invocação de S. Lourenço, um pequeno castelo para defesa do litoral, cuja muralha, parcialmente reconstruída, pode ver-se no bordo da plataforma. Desse ponto pode o visitante desfrutar de uma panorâmica belíssima, quer sobre o povoado proto-histórico, quer sobre as planuras de encontro entre o Cávado e o Oceano.
A musealização do castro, através da reconstituição de diversos núcleos de habitações, de parte de uma linha de muralhas e da informação que no local é proporcionada ao visitante conferem a este sítio arqueológico características particularmente pedagógicas. É de destacar, designadamente, o contributo deste povoado para uma imagem sensivelmente diferente do que seria o habitat castrejo, graças à ocorrência de elementos de construção que sugerem a existência de postigos e janelas nas habitações (o que noutros castros não pôde documentarse
com clareza) e de restos de rebocos com vestígios cromáticos que indiciam que as paredes de muitas das edificações seriam argamassadas e pintadas de cores vivas, como amarelo, vermelho ou branco, quer no interior, quer na face externa, o que contrasta com o sentimento de sobriedade ou nudez transmitido por muitas ruínas castrejas.
O acesso à estação arqueológica é muito fácil a partir da IC1, estrada que deve deixar-se na saída para Esposende. Bastará depois seguir as placas indicativas até à E.N. nº 13, de onde se toma a Estrada Municipal 550, encontrando-se o castro a apenas
Bibliografia
Almeida, C. A. B.; Cunha, Rui C. – O Castro de S. Lourenço. Vila Chã, Esposende. Esposende: Câmara Municipal, 1997
Nota.- En las imágenes que ilustran el texto, pueden verse varias viviendas reconstruídas y parte del área excavada.
1 comentario:
A apócope de santo em português é SÃO, com til no A; não SAÔ, com acento circunflexo no O.
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